Foto montagem (Acervo pessoal)

Ela que seduziu dois grandes líderes romanos, Júlio César e Marco António, ganhando assim a fama de mulher sensual e conquistadora. Na verdade, o seu único objetivo foi salvar a independência do Egito e o seu próprio poder. Estamos falando da Rainha Cleópatra VII

Pérfida, insaciável, mulher fatal. Acredita-se que era bastante encantadora, além de uma diplomata e administradora eficaz. 

Cleópatra VII filha Ptolemeu XII, nasceu no ano de 69 a.C. e educada desde criança fluentemente em um vasto número de línguas o que serviu para ajudar a tomar consciência do perigo que ameaçava o trono do Egito.

Ptolemeu só se manteve um ano no trono, dado que o descontentamento do povo pelo aumento dos impostos para pagar o suborno provocou uma revolta.

O rei fugiu para Roma, ansiando que Pompeu o recolocasse no trono.

Enquanto isso, a sua mulher, Cleópatra VI, continuou a reinar no Egito, sendo depois sucedida pela sua filha Berenice IV.

Por fim, em 55 a.C., Gabínio, procônsul da Síria e partidário de Pompeu, invadiu o Egito em nome de Ptolemeu a troco de dez mil talentos.

Uma vez recolocado, Ptolemeu assassinou Berenice.

Restavam ainda quatro filhos reais: Cleópatra VII, de 14 anos; Arsínoe IV, de 9; Ptolemeu XIII, de 6, e Ptolemeu XIV, de 4.

Quando o seu pai morreu, quatro anos depois, Cleópatra VII subiu ao trono e casou-se com o seu irmão, Ptolemeu XIII, tal como estipulava o testamento paterno, do qual Pompeu era executor.

Assumiu em seguida o caráter faraónico do antigo Egito como ninguém o fizera na sua dinastia.

Ela era a única representante que teve o cuidado de aprender o idioma egípcio.

Além disso, tentou desde o início reinar sozinha, prescindindo do irmão e enfrentando assim os mentores deste.

Cleópatra percebeu que, para governar sozinha, teria de contar com a aprovação de um dos homens fortes de Roma e tomou o partido de Pompeu, protetor do seu pai, a quem enviou mantimentos e tropas para a guerra que este mantinha com César.

Os tutores do irmão provocaram uma rebelião em Alexandria e Cleópatra fugiu para a Síria.

Quase ao mesmo tempo, em agosto de 48 a.C., César derrotou Pompeu em Farsália e este fugiu para o Egito em busca de refúgio junto dos herdeiros do seu protegido, Ptolemeu XII. Foi uma opção trágica.

Os partidários de Ptolemeu XIII executaram-no, acreditando que isto agradaria a César e esperando em seguida aniquilar Cleópatra, privada do seu protetor romano.

A reação de César não foi a esperada por Ptolemeu XIII.

Ao chegar em Alexandria, ordenou aos dois irmãos que se apresentassem perante ele com a intenção de mediar o conflito.

Cleópatra teve dificuldades em obedecer à ordem, dado que os partidários do irmão controlavam os acessos ao palácio.

Para conseguir, idealizou um famoso plano de se colocar no interior de um tapete que um servo levou para dentro do palácio.

César e Cleópatra teriam passado juntos essa noite, o que não impediu que o general romano se mostrasse aparentemente imparcial na briga entre irmãos, restabelecendo o governo conjunto de ambos.

Os partidários de Ptolemeu XIII tentaram recuperar a iniciativa, eliminando os amantes.

Para isso, voltaram a revoltar a população da cidade e cercaram os quatro mil homens de César no interior do bairro palaciano, com apoio de vinte mil soldados.

O cerco durou até os reforços de César chegarem e Ptolemeu XIII foi derrotado e morto.

Cleópatra casou-se nessa altura com o seu último irmão, Ptolemeu XIV.

Depois disto, as fontes relatam que César permaneceu no Egito percorrendo o Nilo durante três meses, até abril, com a sua amante Cleópatra e um cortejo de quatrocentos navios.

As razões para que César não partisse para Roma de imediato, apesar do perigo que os poderosos partidários de Pompeu representavam, ainda não foram totalmente esclarecidas e o fato pode estar relacionado com o fascínio que este sentia pela rainha.

Talvez a ânsia de César por reconciliar Cleópatra com o seu irmão tenha tido o propósito também de evitar a guerra civil egípcia, que teria colocado em perigo os objetivos de César relativamente à colheita do Egito.

Assim, em Abril de 47 a.C., César saiu do Egito deixando três legiões para proteger o cereal e a rainha, grávida de seu filho, Cesarião.

O fruto da relação entre Cesar e Cleópatra beneficiava os dois amantes, dado que César conseguia com isto usurpar do Egito sem prestar contas a Roma, enquanto Cleópatra conseguia que o Egito passasse a ser uma província romana.

Em contrapartida, se os planos de César chegassem a bom porto, Cleópatra acreditava que poderia colocar Cesarião à frente de um império com dimensão semelhante ao de Alexandre.

Depois de derrotar os últimos partidários de Pompeu em 45 a.C., César recebeu o título de ditador perpétuo e o direito a usar o traje triunfal e a coroa de louros. Entretanto, Cleópatra e Cesarião tinham chegado a Roma.

César reconheceu Cesarião como seu filho, embora não se tivesse casado com Cleópatra.

Júlio César foi assassinado quando entrava numa sessão do Senado na qual se discutiria, entre outros assuntos, a concessão do título de rei antes do início de uma campanha militar contra o reino.

Morto César e aberto o seu testamento, Cleópatra comprovou que o ditador nomeara como herdeiro o seu sobrinho Octávio.

Se Cesarião alguma vez esteve nos projetos de César, seria num futuro longínquo, quando a sua liderança estivesse consolidada. Mas isso são apenas teses, dado que os planos de César morreram com ele.

Cleópatra regressou ao Egito com Ptolemeu XIV, que morreu logo a seguir, talvez envenenado por ordem da rainha.

Estabeleceu de imediato o seu filho Cesarião como co-regente, quando este tinha apenas 3 anos.

Entretanto, em Roma, Octávio, Marco António e Lépido começavam a reagir contra os assassinos de César.

Com menor pressão romana, o Egito prosperou. Por fim, a rainha demonstrava a sua capacidade de governança, percebendo que deveria modernizar a administração e revolucionar as estruturas económicas do país.

A tranquilidade não durou muito. Em Outubro de 42 a.C., Octávio, Marco António e Lépido derrotaram os republicanos em Filipos e dividiram o império.

António ficou com o Oriente e, como tenente e amigo de César nos últimos anos, quis recuperar os seus projetos.

Replicando o comportamento de César à sua chegada a Alexandria, António instalou–se em Tarso e, no ano de 41 a.C., convocou Cleópatra para lhe pedir contas.

Conhecedora da urgente necessidade de fundos, Cleópatra não respondeu às primeiras mensagens.

Por fim, compareceu à ordem em um navio com traseira de ouro e remos de prata, mostrando a Marco António que ela era a solução para muitos dos seus problemas. Transformaram-se em amantes passando o Inverno em Alexandria.

Na Primavera de 40 a.C., Marco António abandonou Alexandria para amparar um ataque. A sua esposa Fúlvia comandou na Península Itálica um exército para arrebatar o poder de Roma a Octávio.

Depois que Fúlvia foi vencida em Perúgia e morta em Atenas, Marco António avançou contra Octávio.

Mesmo assim, a guerra aberta não iniciou, pois ambos fizeram as pazes em Brindisi.

Como parte do acordo de tréguas, Marco António casou-se com a irmã de Octávio, Octávia, e os esposos foram para Atenas, onde tiveram duas filhas.

Foi ali que Marco António preparou a invasão do reino, antecipando que quem vencesse poderia apresentar-se em Roma como único sucessor de César.

Com a desculpa dos perigos da guerra, enviou Octávia para Roma.

Enquanto isso, Cleópatra dava à luz aos gémeos, filhos de Marco António: Alexandre e Cleópatra.

Em 34 a.C., Marco António se casa com Cleópatra seguindo o ritual egípcio, foi explorado pela intriga romana.

Pouco depois, numa cerimónia realizada em Alexandria, Cleópatra apareceu vestida como Ísis e António como Dioniso para consagrar Cleópatra como “rainha de reis” e Cesarião como “rei de reis”

Cleópatra e Cesarião reinariam sobre o Egito e em Chipre.

A maioria dos filhos de Cleópatra teve um final trágico.

O mais velho, Cesarião, era fruto da sua relação com Júlio César.

Nos últimos momentos, Cleópatra quis enviá-lo para a Índia, na esperança de que ele pudesse regressar ao Egito mais tarde, mas foi traído e entregue a Octávio, que o executou.

Com Marco António, Cleópatra teve três filhos: Alexandre Hélios, Cleópatra Selene e Ptolemeu Filadelfo.

Órfãos de pais, foram transferidos para Roma e criados por Octávia, irmã de Octávio e esposa legítima de Marco António.

Depois da derrota em combate nas águas de Ácio (31 a.C.), Marco António e Cleópatra esperaram pelo fim em Alexandria.

Ao que parece, Cleópatra passou o tempo investigando venenos mais doces e mortíferos, testando os seus efeitos em condenados à morte.

Marco António ainda tentou deter militarmente Octávio, mas, depois de derrotado, suicidou-se.

Por fim, Octávio entrou em Alexandria e prendeu Cleópatra.

Pretendia exibi-la na vitória que esperava comemorar em Roma. A rainha pediu tempo para se preparar e, no entanto, num descuido dos captores, Cleópatra conseguiu suicidar-se: envenenada pela picada de uma cobra.

Cleópatra tinha apenas 39 anos quando morreu, governou o Egito por 22 anos.

Numa época em que as mulheres raramente, ou nunca, afirmavam ter controle político sobre os homens, ela conseguiu manter o Egito num estado de independência enquanto ocupou o trono, embora fosse Greco-macedónica, e não egípcia, passou a simbolizar ao Antigo Egito como a mais popular do que qualquer outro monarca egípcio.

Assista ao vídeos parte 1 e parte 2 publicados no nosso canal do You Tube, sobre esse tema, acessando os links abaixo:

Vídeo parte 1 Cleopatra VII
Vídeo parte 2 Cleopatra VII

Fontes:

https://nationalgeographic.pt/historia/grandes-reportagens/1720-cleopatra-a-ultima-rainha-do-egipto

https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-866/cleopatra-vii/